quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Morcegos se multiplicam e assustam os moradores do Rio de Janeiro

Secretaria de Saúde atendeu a 200 chamados devido à infestação de morcegos este ano

FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Moradores de pelo menos 15 bairros do Rio andam assustados com a infestação de morcegos. Especialistas atribuem a proliferação ao desequilíbrio ecológico e ao El Niño, fenômeno que causa alterações no clima. Há pelo menos 43 espécies em circulação por aqui. Três delas são hematófagas: alimentam-se de sangue e podem transmitir a raiva. Milhares de bichos podem ser vistos em árvores, sótãos, porões, espaços entre a parede e aparelhos de ar condicionado e vãos de telhados. O problema é tão sério que só a Unidade de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho, da Secretaria Municipal de Saúde, já atendeu a cerca de 200 chamadas de moradores este ano, solicitando a captura dos animais. Durante todo o ano passado, foram 241. 
Causas de proliferação são o desequilíbrio ecológico e o El Niño
Foto:  Agência O Dia
“Se continuar nesse ritmo, o número de ligações deve dobrar. Mas não há motivo algum para pânico. Os morcegos não atacam ninguém. A maioria se alimenta de frutas e insetos”, ressalta Douglas Marques de Macedo, médico veterinário e subgerente da unidade. Segundo ele, pelo menos 20 pessoas, em média, são mordidas por morcegos no Rio anualmente. “Os números atuais, apesar dessa maior quantidade de pedidos de socorro da população, estão dentro da normalidade”, garante Douglas. Moradores de áreas infestadas se dizem apavorados. “À noite os rasantes dos morcegos parecem filme de terror”, diz Magdalena Alencar, 49, que mora no Itanhangá.
INFESTAÇÃO NA UFRJ 
Os transtornos provocados pelos ‘vampirinhos’ urbanos, além de meter medo em crianças e adultos com seus voos curtos, finos grunhidos e sujeira de fezes, estão interferindo no funcionamento de instituições. É o caso do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Praia Vermelha, que solicitou à organização não governamental SOS Aves e Cia um plano de manejo de várias colônias que passaram a habitar corredores e árvores do estacionamento da instituição. A ONG é parceira da Polícia Federal no combate ao tráfico de animais silvestres. 
“A melhor solução é retirá-los em caixas e soltá-los em áreas verdes”, ensina o ambientalista e diretor da ONG, Paulo Maia. Segundo ele, invernos menos rigorosos, como o atual, resultante do El Niño, favorecem a proliferação. “É importante lembrar que o abate desse tipo de animal é crime inafiançável. Pela Lei Federal 9.605/98, a pena é de até um ano de prisão. É como matar uma onça”, alerta. Em nota, a UFRJ informou que as obras que realiza no Palácio Universitário “ajudarão a resolver a presença de morcegos”.

Pedidos de socorro dobraram desde 2009, mas não há motivo para pânico, garante especialista 
Segundo a Fiscalização Sanitária do município, Ipanema, Humaitá, Cosme Velho, Santíssimo, Itanhangá, Barra da Tijuca, Cachambi, Vila Isabel, Urca, Engenho Novo, Tijuca, Alto da Boa Vista, Rio Comprido, Santa Teresa e Cidade Nova são os bairros de onde vêm frequentemente chamadas para recolhimentos de morcegos que invadem casas, por intermédio do Portal 1746. Desde a década de 1980 não há casos de raiva transmitidos por morcegos no Rio. 
Segundo o psicólogo Valderez Lima Cunha, boa parte dos pedidos de socorro, entretanto, é sem necessidade. “A simples presença do animal em algumas árvores próximas às residências faz com que muita gente ache que eles entraram nas habitações. Já atendi gente que cismou que tinha sido mordida por morcego, mesmo sem ter tido contato com o bicho. Ou seja, tem muita paranoia também.”

Morcegos se multiplicam e assustam os moradores do Rio de Janeiro

Secretaria de Saúde atendeu a 200 chamados devido à infestação de morcegos este ano

FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Moradores de pelo menos 15 bairros do Rio andam assustados com a infestação de morcegos. Especialistas atribuem a proliferação ao desequilíbrio ecológico e ao El Niño, fenômeno que causa alterações no clima. Há pelo menos 43 espécies em circulação por aqui. Três delas são hematófagas: alimentam-se de sangue e podem transmitir a raiva. Milhares de bichos podem ser vistos em árvores, sótãos, porões, espaços entre a parede e aparelhos de ar condicionado e vãos de telhados. O problema é tão sério que só a Unidade de Vigilância e Fiscalização Sanitária em Zoonoses Paulo Dacorso Filho, da Secretaria Municipal de Saúde, já atendeu a cerca de 200 chamadas de moradores este ano, solicitando a captura dos animais. Durante todo o ano passado, foram 241. 
Causas de proliferação são o desequilíbrio ecológico e o El Niño
Foto:  Agência O Dia
Se continuar nesse ritmo, o número de ligações deve dobrar. Mas não há motivo algum para pânico. Os morcegos não atacam ninguém. A maioria se alimenta de frutas e insetos”, ressalta Douglas Marques de Macedo, médico veterinário e subgerente da unidade. Segundo ele, pelo menos 20 pessoas, em média, são mordidas por morcegos no Rio anualmente. “Os números atuais, apesar dessa maior quantidade de pedidos de socorro da população, estão dentro da normalidade”, garante Douglas. Moradores de áreas infestadas se dizem apavorados. “À noite os rasantes dos morcegos parecem filme de terror”, diz Magdalena Alencar, 49, que mora no Itanhangá.
INFESTAÇÃO NA UFRJ 
Os transtornos provocados pelos ‘vampirinhos’ urbanos, além de meter medo em crianças e adultos com seus voos curtos, finos grunhidos e sujeira de fezes, estão interferindo no funcionamento de instituições. É o caso do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Praia Vermelha, que solicitou à organização não governamental SOS Aves e Cia um plano de manejo de várias colônias que passaram a habitar corredores e árvores do estacionamento da instituição. A ONG é parceira da Polícia Federal no combate ao tráfico de animais silvestres. 
“A melhor solução é retirá-los em caixas e soltá-los em áreas verdes”, ensina o ambientalista e diretor da ONG, Paulo Maia. Segundo ele, invernos menos rigorosos, como o atual, resultante do El Niño, favorecem a proliferação. “É importante lembrar que o abate desse tipo de animal é crime inafiançável. Pela Lei Federal 9.605/98, a pena é de até um ano de prisão. É como matar uma onça”, alerta. Em nota, a UFRJ informou que as obras que realiza no Palácio Universitário “ajudarão a resolver a presença de morcegos”.

Pedidos de socorro dobraram desde 2009, mas não há motivo para pânico, garante especialista 

Segundo a Fiscalização Sanitária do município, Ipanema, Humaitá, Cosme Velho, Santíssimo, Itanhangá, Barra da Tijuca, Cachambi, Vila Isabel, Urca, Engenho Novo, Tijuca, Alto da Boa Vista, Rio Comprido, Santa Teresa e Cidade Nova são os bairros de onde vêm frequentemente chamadas para recolhimentos de morcegos que invadem casas, por intermédio do Portal 1746. Desde a década de 1980 não há casos de raiva transmitidos por morcegos no Rio. 
Segundo o psicólogo Valderez Lima Cunha, boa parte dos pedidos de socorro, entretanto, é sem necessidade. “A simples presença do animal em algumas árvores próximas às residências faz com que muita gente ache que eles entraram nas habitações. Já atendi gente que cismou que tinha sido mordida por morcego, mesmo sem ter tido contato com o bicho. Ou seja, tem muita paranoia também.”
Morcegos habitam copas de árvores e podem escolher cantos de casas como refúgio. Inverno mais quente afetou o equilíbrio da espécie
Foto:  Agência O Dia
Mas o que preocupa as autoridades em saúde é que o número atual de chamadas dobrou em relação a 2009, por exemplo, quando 94 inspeções se capturas de morcegos foram feitas na cidade. “O morcego passou na frente dos cães em potencialidade de possíveis transmissores da raiva”, adverte o veterinário Douglas Marques. 
Segundo o biólogo Paulo da Silva, o desmatamento e o crescimento desordenado das cidades fizeram os morcegos, únicos mamíferos voadores do planeta, se tornarem pragas urbanas em busca de alimentos e abrigo. O risco de transmissão da raiva e de doenças respiratórias, como a histoplasmose, através das fezes, assusta. 
“Se um morcego entrar numa casa, o morador deve abrir bem as janelas, acender as luzes e evitar o contato. O correto é acionar especialistas. Matar, jamais. Na verdade, ele (morcego) é que tem medo do ser humano”, detalha Silva. 
Para a captura de morcegos em recintos urbanos e rurais, uma vez que os morcegos hematófagos costumam atacar bois e cavalos, os guardas de endemias utilizam cães como iscas. Os morcegos, então, são capturados com ajuda de redes. 
O comerciante Virgínio Leite, de 57 anos, da Barra da Tijuca, foi um dos que pediram ajuda à equipe de Zoonoses recentemente. “Um morcego errou um rasante numa amendoeira em frente ao meu apartamento e foi parar debaixo da cama. Foi uma correria”, contou. 

E O BICHO VIROU MASCOTE DE JOGOS 

No melhor estilo “se não pode com eles, junte-se a eles”, alunos que participam dos jogos esportivos do Instituto de Economia da UFRJ adotaram a figura do morcego como mascote. A marca, feita pelo aluno Eduardo Gaspar, estampa camisas, garrafinhas de água,bandeiras, faixas, óculos, tatuagens e outros objetos usados pelos torcedores nas competições por todo o estado e virou sucesso nas redes sociais. 
“Foi uma maneira de chamar a atenção para o desequilíbrio ecológico que o homem vem provocando e, ao mesmo tempo, alertar para a preservação dos morcegos, que também são vítimas e não vilões do sistema”, justificou. 
Morcego virou mascote de jogos esportivos na UFRJ
Foto:  Divulgação
De acordo com os alunos, morcegos passaram a ser “hóspedes” do Instituto há cinco anos. “Começou coma presença de apenas alguns animais. Com o passar dos anos, a quantidade foi aumentando e, hoje, já são centenas. Tem aluno que falta constantemente às aulas”, comentou um dos professores. Segundo Paulo Maia, a remoção das colônias pode levar duas semanas.Morcegos habitam copas de árvores e podem escolher cantos de casas como refúgio. Inverno mais quente afetou o equilíbrio da espécie
Foto:  Agência O Dia
Mas o que preocupa as autoridades em saúde é que o número atual de chamadas dobrou em relação a 2009, por exemplo, quando 94 inspeções se capturas de morcegos foram feitas na cidade. “O morcego passou na frente dos cães em potencialidade de possíveis transmissores da raiva”, adverte o veterinário Douglas Marques. 
Segundo o biólogo Paulo da Silva, o desmatamento e o crescimento desordenado das cidades fizeram os morcegos, únicos mamíferos voadores do planeta, se tornarem pragas urbanas em busca de alimentos e abrigo. O risco de transmissão da raiva e de doenças respiratórias, como a histoplasmose, através das fezes, assusta. 
“Se um morcego entrar numa casa, o morador deve abrir bem as janelas, acender as luzes e evitar o contato. O correto é acionar especialistas. Matar, jamais. Na verdade, ele (morcego) é que tem medo do ser humano”, detalha Silva. 
Para a captura de morcegos em recintos urbanos e rurais, uma vez que os morcegos hematófagos costumam atacar bois e cavalos, os guardas de endemias utilizam cães como iscas. Os morcegos, então, são capturados com ajuda de redes. 
O comerciante Virgínio Leite, de 57 anos, da Barra da Tijuca, foi um dos que pediram ajuda à equipe de Zoonoses recentemente. “Um morcego errou um rasante numa amendoeira em frente ao meu apartamento e foi parar debaixo da cama. Foi uma correria”, contou. 

E O BICHO VIROU MASCOTE DE JOGOS 
No melhor estilo “se não pode com eles, junte-se a eles”, alunos que participam dos jogos esportivos do Instituto de Economia da UFRJ adotaram a figura do morcego como mascote. A marca, feita pelo aluno Eduardo Gaspar, estampa camisas, garrafinhas de água,bandeiras, faixas, óculos, tatuagens e outros objetos usados pelos torcedores nas competições por todo o estado e virou sucesso nas redes sociais. 
“Foi uma maneira de chamar a atenção para o desequilíbrio ecológico que o homem vem provocando e, ao mesmo tempo, alertar para a preservação dos morcegos, que também são vítimas e não vilões do sistema”, justificou. 
Morcego virou mascote de jogos esportivos na UFRJ
Foto:  Divulgação
De acordo com os alunos, morcegos passaram a ser “hóspedes” do Instituto há cinco anos. “Começou coma presença de apenas alguns animais. Com o passar dos anos, a quantidade foi aumentando e, hoje, já são centenas. Tem aluno que falta constantemente às aulas”, comentou um dos professores. Segundo Paulo Maia, a remoção das colônias pode levar duas semanas.

Fonte: O DIA

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